Dor crônica? O esporte pode ajudar! Freepik

A atividade física é um excelente aliado, mas sua prática requer cuidados

Uma coisa é certa na vida: sentir dor é uma sensação péssima. Agora, imagine essa sensação multiplicada por uma dor constante, seja decorrente de uma lesão, de casos de fibromialgia ou de outras condições. E não são poucas as pessoas que enfrentam essa situação: apenas no Brasil, cerca de 37% da população convive com algum grau de dor crônica – ou seja, dor que persiste por mais de três meses, conforme dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED).

São mais de 60 milhões de brasileiros lidando com esse desconforto. Mas, o que nem todos sabem é que a atividade física pode ajudar (e muito!), desde que você a direcione bem. Para saber o que deve ser considerado antes de iniciar uma rotina de exercícios contra as dores crônicas, a MALU conversou com Dra. Catarina Barbalho, médica especialista em dor, que atende e faz parte do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.

A atividade física ajuda a diminuir as dores crônicas? 

“A prática regular de esportes, quando bem planejada, pode reduzir as dores crônicas ao melhorar a força, a mobilidade, a circulação e o bem-estar mental. No entanto, a escolha do esporte e a intensidade devem ser personalizadas, com orientação profissional, para garantir segurança e eficácia. Estudos clínicos realizados em grandes centros de acompanhamento de pacientes com dores crônicas têm mostrado que, além de melhorar a dor, a atividade física colabora na melhora da saúde mental, promovendo a sensação de bem-estar e prazer, que é um verdadeiro antídoto contra a dor.”

Como isso acontece? 

“Através do fortalecimento muscular e da prevenção de lesões futuras. Atividades físicas, como natação, ioga ou caminhada, melhoram a flexibilidade e estabilizam as articulações. Além disso, o exercício estimula a produção de endorfinas, substâncias naturais do corpo que funcionam como analgésicos, promovendo alívio da dor e bem-estar. Sem esquecer que a prática de atividade física aumenta o fluxo sanguíneo, o que ajuda a reduzir a inflamação e a rigidez em áreas afetadas por dores crônicas, como, por exemplo, nos casos de dores lombares. Outro fator importante é que a dor crônica muitas vezes é agravada pelo estresse; portanto, esportes — especialmente os que envolvem mindfulness (como tai chi ou ioga) — ajudam a relaxar a mente e, dessa forma, diminuem a percepção da dor.”

O que levar em conta antes de começar uma atividade física para combater uma dor crônica? 

“Uma dica importante é: comece devagar, dentro dos limites do seu corpo! Aumente a intensidade gradativamente para evitar lesões ou exacerbação da dor. Um educador físico ou fisioterapeuta pode adaptar os exercícios às suas necessidades. Evite esportes de alto impacto: corrida intensa, esportes de contato (como futebol) ou levantamento de peso pesado podem agravar certas condições.”

Quais cuidados na prática de atividade física devemos ter para não agravar ou ocasionar dores crônicas? 

“Especialmente para quem já tem predisposição ou histórico de dor, é essencial adotar princípios de segurança, biomecânica e de prevenção de lesões: escolher esportes de baixo impacto (pelo menos inicialmente), progredir gradativamente, aquecer, fortalecer os músculos de suporte, usar equipamentos adequados e respeitar os limites do corpo. Sem jamais esquecer de procurar a orientação de um profissional capacitado para um correto monitoramento das condições já existentes.”

E para os atletas…

O esporte pode funcionar como um antídoto contra as dores crônicas ou como um verdadeiro veneno. Isso porque, segundo Catarina, algumas modalidades esportivas e técnicas específicas apresentam maior risco de desencadear dores crônicas devido ao impacto repetitivo, à sobrecarga em articulações, músculos ou tendões, ou à natureza dos movimentos envolvidos — daí a importância do acompanhamento profissional. “A melhor forma de se proteger contra lesões que possam levar à dor crônica é executar os movimentos com a técnica correta e sob supervisão de um profissional qualificado, e isso inclui os atletas. Mesmo um agachamento feito de forma incorreta pode se tornar uma dor crônica lá na frente”, alerta. 

As lesões esportivas não tratadas ou mal geridas também têm grande potencial de evoluir para condições crônicas, como dor persistente, instabilidade articular ou doenças degenerativas. “A chave para evitar isso é o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a reabilitação completa antes de retomar atividades intensas”, finaliza.


Ana Carvalho

Repórter de revista e portal na Editora Alto Astral. Bacharela em jornalismo e pós-graduada em Comunicação e Mídia pela Universidade...