Xixi na cama: estudo brasileiro revela dados alarmantes Um estudo brasileiro inédito revelou que 69,3% das crianças com sintomas urinários diurnos também apresentam xixi na cama

Especialistas alertam: fazer xixi dormindo não é culpa da criança e sim uma condição médica que requer diagnóstico e tratamento adequado

A enurese noturna, popularmente conhecida como xixi na cama, é uma condição que afeta cerca de 10% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. Apesar de ainda ser vista como um tabu em muitos lares, a enurese é um problema médico que vai muito além do simples “descuido” infantil. Um dos principais fatores de risco é a hereditariedade: se ambos os pais sofreram com a condição na infância, há 77% de chance de o filho também apresentar o quadro.

Entenda o que é o xixi na cama e por que ele acontece

Segundo o urologista Dr. Ubirajara Barroso Jr., presidente da International Children’s Continence Society (ICCS), outros fatores como alimentação, metabolismo e disfunções na bexiga também estão envolvidos. “É importante que os pais entendam que o xixi na cama não é preguiça ou rebeldia, e sim um distúrbio urológico. O especialista afirma que o acolhimento é importante, e que os pais devem comemorar cada noite em que a criança não faz xixi na cama como uma vitória.

Por falar sobre o assunto é tão importante?

Para conscientizar a população sobre a importância de diagnosticar e tratar o xixi na cama com empatia e informação, a ICCS e outras entidades internacionais vem chamando mais atenção ao abordar o tema. As campanhas reforçam que a criança não deve ser punida pela condição, e sim amparada com apoio médico e emocional.

Durante muito tempo, acreditou-se que o problema se resolveria sozinho. Hoje, os especialistas sabem que causas complexas estão por trás da enurese e que é preciso tratá-la com acompanhamento adequado. Entre os principais tratamentos estão o uso de medicamentos, alarme noturno e neuroestimulação sacral.

Quando é hora de buscar ajuda?

A partir dos cinco anos, cerca de 20% a 30% das crianças ainda fazem xixi na cama, o que já indica a possibilidade de iniciar o tratamento — principalmente quando a própria criança pede ajuda. No entanto, se aos sete anos ou mais a criança urina na cama pelo menos uma vez por semana, o tratamento torna-se indispensável.

Estudo inédito brasileiro revela relação entre enurese e sintomas diurnos

Um estudo inédito liderado pelo Dr. Ubirajara Barroso Jr. revelou que 69,3% das crianças com sintomas urinários diurnos também apresentam xixi na cama. A pesquisa, intitulada “Fatores de associação para enurese em crianças e adolescentes com sintomas do trato urinário inferior”, será apresentada em setembro no Joint Meeting das Sociedades Americana e Europeia de Urologia Pediátrica, o maior evento mundial da área.

O estudo analisou 342 crianças e adolescentes, com idade média de 9 anos, sendo 57% do sexo feminino. Foram utilizados questionários estruturados para avaliar os sintomas urinários (DVSS) e intestinais (critérios de Roma IV). O objetivo era entender quais fatores estariam mais fortemente associados à enurese.

Incontinência do riso e fecal são indicativos importantes

De acordo com os resultados, crianças que sofrem com incontinência do riso — perda de urina ao dar risada — e incontinência fecal apresentaram maior chance de fazer xixi na cama. “Esses sintomas afetam significativamente a qualidade de vida e merecem atenção. Apesar de ser comum, a enurese ainda é pouco investigada, e nosso estudo buscou preencher essa lacuna”, reforça o Dr. Ubirajara.