O Brasil avança em métodos modernos, mas a hormoniofobia e a falta de informação comprometem escolhas conscientes, seguras e adequadas às necessidades das mulheres
Celebrado em 26 de setembro, o Dia Mundial da Contracepção evidencia como o acesso à informação é fundamental para garantir às mulheres a autonomia na escolha de métodos anticoncepcionais. Um estudo realizado com 1.120 mulheres em oito hospitais universitários brasileiros identificou que 67,5 % das gestações não foram planejadas. Esse dado reforça a urgência de orientação qualificada para que cada mulher possa escolher a opção mais segura e adequada às suas necessidades.
Apesar dos avanços na oferta de métodos modernos de contracepção, outros países ainda enfrentam obstáculos como a desinformação e o medo de efeitos adversos – fenômeno conhecido como hormoniofobia. Mitos como “a pílula contribui para o aumento de peso”, “perda de libido” ou “os hormônios fazem mal” permeiam a sociedade e afastam muitas mulheres da contracepção segura.
“Esse dado evidencia a urgência de orientação qualificada para que cada mulher possa escolher o método mais seguro e adequado às suas necessidades. Neste caso, os profissionais de saúde têm papel crucial ao oferecer um atendimento humanizado para esclarecer dúvidas e orientar sobre eficácia, benefícios e possíveis efeitos de cada um deles”, explica o ginecologista e mastologista da Libbs Farmacêutica, Achilles Cruz (CRM SP 53579 – RQE Nº: 55506).
A busca por métodos continua
Esses temas são, inclusive, foco constante de discussão na busca de estratégias para apoiar a mulher. Hoje, o mercado já conta com um anticoncepcional pioneiro com a associação do estetrol 4 (estrogênio idêntico ao natural) à drospirenona, que se diferencia por seu mecanismo de ação único e mínimo impacto no metabolismo, na coagulação (sugerindo um menor risco de trombose) e na função hepática.
O estetrol associado à drospirenona é uma pílula combinada que tem seus aspectos de segurança avaliados em toda a fase reprodutiva da mulher, da menarca à perimenopausa. “Nessa combinação, o estetrol é sintetizado em laboratório e idêntico ao hormônio endógeno, com características e mecanismo de ação únicos, com menos impacto no organismo”, detalha.
Lactação não é contraceptivo
Muitas mulheres acreditam que no período da amamentação ela está protegida totalmente contra uma nova gravidez. Mas mesmo amamentando, e ainda sem menstruar, a probabilidade de engravidar é de 2%. Também chamado de quarentena ou resguardo, o puerpério representa uma fase de readaptação do organismo materno após o parto.
As pílulas que contém estrogênio não devem ser utilizadas pelas mulheres que amamentam até o sexto mês (pós-parto), por alterarem a quantidade e qualidade do leite materno e, naquelas que não estão amamentando, só devem ser utilizadas após três semanas pós-parto, visto que o puerpério é fase com alto risco de trombose.
Enquanto se dedica integralmente aos cuidados com o filho, muitas mulheres tendem a postergar a atenção à própria saúde. “Além disso, é relevante saber que não é preciso abrir mão da vida sexual: existem métodos contraceptivos que respeitam o equilíbrio hormonal e fisiológico do corpo, como é o caso das pílulas de progestagênio, que oferecerem menos efeitos adversos e garantem condições fundamentais para a saúde feminina”, conclui.
Referências:
- Ministério da Saúde (Brasil). “Uma escolha para todos. Liberdade para planejar, poder para escolher”: 26/9 – Dia Mundial da Contracepção [Internet]. Brasília: Biblioteca Virtual em Saúde; [Acesso em 18 set 2025]
- Nilson TV, et al. Unplanned pregnancy in Brazil: national study in eight university hospitals. Rev Saúde Pública. 2023;57:35.
- Black KI, Vromman M, French RS. Common myths and misconceptions surrounding hormonal contraception. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2025 Feb;98:102573.
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- Klipping C, Duijkers I, Mawet M, et al. Endocrine and metabolic effects of an oral contraceptive containing estetrol and drospirenone. Contraception. 2021;103(4):213- 221.
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- Devi NB. PUERPERIUM. In: Futuristic Trends in Pharmacy & Nursing. Vol. 3, Book 9. IIP Series; 2024. p. 14–17. eISBN: 978-93-6252-515-4.
- World Health Organization. Medical eligibility criteria for contraceptive use. 3rd ed. Geneva: World Health Organization; 2004.
- Febrasgo – Anticoncepcionais orais contendo somente progestagênio