Vamos falar de doenças autoimunes?

Nunca se falou tanto sobre doenças autoimunes como em 2024, e considerando que essa pauta não é tão esclarecida quanto deveria, vamos manter a luz nesse assunto também em 2025. Mas calma, se você é uma das pessoas que ainda não entende muito bem do assunto, continue lendo.

O que são doenças autoimunes?

Ana Clara Ribeiro Gazeta, reumatologista da ABRASSO, explica que “as doenças autoimunes ocorrem quando há uma alteração no padrão de resposta imunológica do indivíduo, onde o sistema imune começa a atacar a si mesmo, da mesma forma, por exemplo, que ataca um vírus ou uma bactéria”.

Existem diversos tipos dessa condição que permeiam todas as especialidades médicas. “O médico reumatologista é responsável por boa parte delas, como artrite reumatoide, lúpus, espondilite anquilosante e artrite psoriásica, que são as mais comuns. Porém, outras doenças como a tireoidite de Hashimoto, diabetes tipo I (a da infância) e doença celíaca (intolerância ao glúten) também são autoimunes”, exemplifica.

Além disso, as mulheres tendem a apresentar a maior parte das doenças autoimunes, mas, de acordo com Ana Clara, isso depende de cada doença, já que cada uma tem sua distribuição entre os gêneros.

Desconhecidas!

Você sabia que as causas das doenças autoimunes são desconhecidas? Bom, agora está sabendo. A reumatologista afirma que “o que sabemos é que existe um padrão pessoal genético que pode ser herdado da família, e que em contato com alguma questão ambiental – sendo alguns exemplos: infecções virais, traumas físicos ou emocionais, vacinas e produtos químicos -, ativa a doença, e assim ela começa a se manifestar”.

Outro fator que ainda não foi descoberto é a cura. “As doenças autoimunes tendem a ser crônicas, como a maioria das doenças do século XXI. Assim, elas todas têm tratamento, porém não cura.”

Sintomas

A reumatologista explica que, embora os sintomas dependam de cada doença, devemos avaliar alguns sinais específicos para detectar autoimunidade.

  • Dor e inchaço nas articulações, que melhora com a realização de atividades;
  • Manchas na pele que pioram com o sol, que descamam, ou ainda que não desaparecem quando pressionamos o dedo em cima da lesão;
  • Aumento de pressão, inchaço nas pernas e espuma na urina;
  • Febre, perda de peso e linfonodos (ínguas) pelo corpo;
  • Acordar com a coluna travada e sensação de rigidez que dura pelo menos duas horas pela manhã;
  • Olho e boca secos que começam a ter consequências, necessitando procurar ao oftalmologista e dentista;
  • Confusão mental ou problemas de movimentação;
  • Infarto, derrame (AVC) ou tromboses sem fatores de risco aparentes;
  • Abortos de repetição;
  • Diarreia sanguinolenta ou com muco, associado a dores abdominais de difícil controle.

Atividade física: uma grande aliada

Agora, respondendo a pergunta lá do começo – por que falar sobre doenças autoimunes em uma revista de esporte – a resposta é: a atividade física é uma grande aliada às pessoas que possuem esse diagnóstico e convivem com a patologia.

“O exercício é parte integral do tratamento das doenças autoimunes, funcionando como auxiliar junto ao uso de medicações, alimentação saudável e manejo de estresse. Isso porque, a atividade física é a única intervenção conhecida que traz benefícios no metabolismo, composição corporal, saúde dos ossos, padrão de sono, humor, hábito intestinal, ansiedade e depressão, disposição, dentre vários outros. Conhece alguma coisa que aja em tantas esferas do corpo humano?”, descreve e questiona a reumatologista da ABRASSO.

Para completar, Matheus Vianna, personal trainer da equipe Nutrindo Ideais e criador do método Performance+, afirma que o mecanismo de melhora do sistema imunológico está associado ao efeito que o exercício físico regular proporciona ao organismo: aumento dos linfócitos, ou seja, das células de defesa que cumprem a função de combater e destruir agentes patogênicos, como as células tumorais ou as infectadas por vírus e bactérias.

“Todos os pacientes autoimunes irão se beneficiar de atividades aeróbicas, de treino de força e/ou de equilíbrio. Mas o melhor exercício é aquele que você consegue manter na sua rotina, independentemente de como ela seja. Apenas faça!”, pontua Ana Clara.

Alguma contraindicação?

Com tantos tipos de doenças autoimunes presentes por aí, há de se pensar que, talvez, para algum diagnóstico não seja recomendado praticar atividade física, questão refutada por Vianna. “Temos que levar em consideração que a doença autoimune afeta diretamente o sistema de defesa do nosso corpo, levando o próprio corpo/sistema a atacar os tecidos. O exercício físico melhora o sistema de defesa a longo prazo e não de forma aguda, portanto, é importante se atentar apenas a intensidade do exercício e frequência, e não proibir, até porque o exercício tem o seu valor e papel nas doenças autoimunes”, finaliza.