De acordo com dados da USP, cerca de 7,7% das mulheres brasileiras e 2,5% dos homens, entre 18 e 80 anos, são assexuais
“Assexualidade é a falta total, parcial ou condicional de atração sexual a qualquer pessoa, independentemente do sexo biológico ou gênero”, explica Claudia Petry, especialista em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC). A profissional aponta que, apesar de ser algo mais comum do que se imagina, a assexualidade não é tão popularizada como os outros membros da comunidade LGTBTQIAP+, e por não ser muito falado, quase ninguém sabe. “É compreensível, já que a orientação sexual possui muitas particularidades, além de estar menos presente dentre as discussões sobre sexualidade humana”, completa.
A assexualidade não se enquadra em qualquer patologia, por isso, a sexóloga separou nove mitos e verdades sobre a orientação.
Assexualidade é uma escolha
Mito: Algumas pessoas podem optar por não fazer sexo, mas não escolhem não querer sexo. Não se trata de escolha, mas de orientação sexual.
Assexuais não praticam relações sexuais
Mito: É comum pensar que os assexuais não sentem nenhum desejo sexual ou não fazem sexo. No entanto, mesmo que o sexo não seja essencial, muitos encontram nele uma forma de conexão com parceiros, inclusive para satisfazer o desejo do outro.
Assexualidade pode ser um distúrbio fisiológico
Mito: De acordo com uma pesquisa da University of British Columbia, no Canadá, os assexuais conseguem ter ereções ou, no caso das mulheres, lubrificação vaginal. “Eles podem, inclusive, ter relações sexuais e experimentar orgasmos, além de gostar de beijos e carícias”, reforça Claudia. Também não há nenhuma disfunção ou distúrbio hormonal que justifique a falta de interesse sexual.
Assexuais podem ter relações amorosas
Verdade: Além de terem relações amorosas, podem namorar e casar. Relacionamentos não são apenas sobre sexo, mesmo entre casais com necessidades sexuais distintas. “Os assexuais experimentam a sexualidade de formas diferentes, mas têm as mesmas necessidades emocionais que pessoas com outras orientações sexuais. Neste caso, o casal precisa ter cumplicidade e diálogo para chegar a um acordo do que é aceitável ou não. Muitas vezes, ambos descobrem o prazer sexual de maneiras inusitadas e acabam conciliando suas diferenças”, diz a sexóloga.
Há subtipos da assexualidade
Verdade: Os principais são: assexual estrito (não sente atração sexual em nenhum momento); grayssexual (sente atração apenas em determinadas circunstâncias); frayssexual e demissexual (sente atração quando não há um vínculo afetivo formado); sapiossexual (sente atração pela inteligência do outro); arromântico (pode ter relações sexuais, mas não sente atração romântica por outras pessoas); assexual fluído (oscila entre o demissexual e o grayssexual, ou seja, os desejos sexuais se alternam), entre outros.
Assexuais não têm filhos
Mito: A escolha de ter filhos ou não independe da orientação sexual, já que os assexuais produzem hormônios e possuem órgãos sexuais e reprodutivos como qualquer pessoa. Portanto, assexuais podem ter filhos, se assim desejarem.
Assexual pode ser chamado de assexuado
Mito: Assexuado é um termo usado para indicar a ausência de órgãos sexuais ou, conforme definições da biologia, a reprodução que acontece sem intervenção de dois sexos. Sendo assim, não há qualquer relação com a assexualidade.
Assexualidade não tem relação com traumas ou abusos
Verdade: Pessoas que passaram por abusos ou experiências sexuais negativas podem continuar sentindo desejo sexual, mas o medo pode bloqueá-las de alguma maneira. “Já a assexualidade não surge a partir de traumas ou porque a pessoa não consegue encontrar um parceiro ideal”, pontua Claudia.
Assexuais sofrem preconceito
Verdade: Assim como os outros LGTBTQIAP+, os assexuais enfrentam discriminação pela falta de entendimento dessa orientação sexual. Não reconhecer a existência desse grupo pode gerar transtornos depressivos e dificuldade de socialização.