“Síndrome do filho do meio”

Será que o fato de não ser o primogênito ou o caçula pode afetar a personalidade?

A “Síndrome do Filho do Meio”, de acordo com a pediatra, neonatologista e membro da American Academy of Pediatrics (AAP), Tatiana Cicerelli Marchini, é um termo coloquial usado para descrever uma série de características, ou estereótipos, que supostamente se aplicam aos aqueles que nas
cem entre o mais velho e o mais novo em famílias com mais de um filho.
“Alguns acreditam que os filhos do meio podem se sentir negligenciados e buscam atenção de diferentes maneiras, como sendo rebeldes ou desenvolvendo habilidades de mediação para resolver conflitos. No entanto nem sempre se aplicam a todos os indivíduos que são filhos do meio. Cada pessoa é única, e a dinâmica familiar varia amplamente.

Os pais tem filhos preferidos?

O famoso debate entre famílias é quem pode vir a ser o filho preferido, o que leva muitas pessoas a perceberem que os pais costumam dar mais atenção ao mais velho e mimam o mais novo, mas não ligam tanto para o filho do meio. Para Tatiana, essa percepção pode ser baseada em estereótipos familiares, mas nem sempre reflete a realidade de todas as famílias.

Veja algumas razões pelas quais essa dinâmica pode ocorrer:

  • Novidade: os pais, muitas vezes, estão mais empolgados e ansiosos com o nascimento do primeiro filho, o que pode levá-los a dar mais atenção a ele;
  • Experiência: os pais costumam ser mais experientes com o filho mais novo, o que pode resultar em uma abordagem mais relaxada e confiante na parentalidade;
  • Fases de vida: as necessidades e desafios das crianças em diferentes idades variam. Isso pode levar os pais a ajustar sua abordagem de acordo com a idade e o estágio de desenvolvimento de cada filho;
  • Estereótipos: às vezes, as expectativas culturais ou estereótipos familiares podem influenciar o comportamento dos pais.

“A atenção e o afeto dos pais não são recursos limitados, e muitos se esforçam para garantir que todos os filhos sintam-se amados e apoiados. A comunicação aberta entre os membros da família é fundamental para entender as necessidades e preocupações de cada um”, garante a pediatra.

Comportamentos mais comuns nos filhos do meio

Larissa ainda destaca que, por mais que não exista um comportamento único e comum para todos os filhos do meio, alguns são mais frequentes. “Como, por exemplo, fortes habilidades sociais, sendo mediadores e conciliadores em situações de conflito. Eles também podem ser mais independentes devido à necessidade de buscar sua própria atenção e identidade. A crença de que seriam mais rebeldes é relacionada à necessidade de fazer algo errado para serem vistos e, portanto, depende dos pais reforçarem tal comportamento.”

Os filhos do meio tem o psicológico afetado?

Por mais que não seja em todas as famílias, algumas valorizam mais e dão maior atenção aos outros filhos em comparação com o do meio, e isso pode ser perceptível desde a infância, segundo a psicóloga e Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia(SBP), Larissa Fonseca.
Ao ter essa percepção de desvalorização, isso pode causar sentimentos de negligência e desencadear uma busca por atenção de maneiras diferentes dos seus irmãos. “O impacto psicológico pode variar de pessoa para pessoa, o filho poderia desenvolver carência afetiva, necessidade em buscar aprovação externa, baixa autoestima, ansiedade, depressão e problemas de comportamento, incluindo comportamento de risco”, descreve a psicóloga. Já em contrapartida, também é possível que o filho do meio possa usar dessa realidade para construir um senso forte de independência e habilidades sociais para lidar com as outras pessoas.