Não é segredo para ninguém que praticar exercícios físicos proporciona ótimos benefícios para a saúde do ser humano. Porém, o que muitos não sabem é que atividades físicas devem começar na infância. Para o professor Rodrigo Sartori, do curso de Educação Física da FSG Centro Universitário, a estimulação cognitiva de novas habilidades motoras na infância pode induzir mudanças em redes funcionais específicas do sistema nervoso, quando associadas a tarefas complexas. Sartori afirma que aprender um esporte, seja luta, dança, andar de bicicleta, patins ou qualquer outra atividade esportiva ainda não realizada é um mecanismo de adaptação que contribui para o desenvolvimento das crianças.
A influência da tecnologia
Sartori destaca que estudos sobre os benefícios de realizar exercícios físicos têm evidenciado que a prática melhora e protege a função cerebral. Isso sugere que crianças fisicamente ativas apresentam menor risco de serem acometidas por desordens mentais, além de apresentarem melhor desempenho em algumas funções cognitivas. “No atual momento em que estamos vivendo, torna-se crucial estimular as crianças a se movimentarem, especialmente diante dos desafios impostos pelo avanço da tecnologia. É cada vez mais comum encontrarmos crianças hipnotizadas pelos seus celulares e tablets, e realizando pouca atividade física”, ressalta o professor.
Os benefícios do esporte
Rodrigo Sartori ressalta que são muitos os benefícios da prática de exercícios físicos. “Entre eles, está o controle do peso adequado e a diminuição do risco de obesidade. Ele determina que se elabore um plano de atividades físicas com base nas necessidades e características de cada criança, auxiliado por um programa de alimentação saudável e, sobretudo, com a participação da família e de toda a rede social em que a criança participa ativamente.
O docente aponta que, para crianças e jovens entre seis e 17 anos, a recomendação, de acordo com o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, é praticar 60 minutos ou mais de atividade física por dia, priorizando aquelas de intensidade moderada. Além disso, recomenda-se realizar atividades de fortalecimento dos músculos e ossos pelo menos três vezes por semana, como saltar, puxar, empurrar ou praticar esportes.
O desenvolvimento cognitivo
Para o especialista, realizar exercícios físicos na escola ajuda nos processos de aprendizagem e em uma série de fatores ligados ao desenvolvimento infantil. “Especificamente, percebemos que existe uma relação entre o desempenho das habilidades motoras e funções cognitivas (de aquisição de conhecimento) importantes para o sucesso dos alunos na escola. Para crianças menores, como na Educação Infantil, as habilidades motoras finas, como recortar, brincar de bolinha de gude ou com massinhas de modelar, estão relacionadas positivamente com a escrita do nome, com as formas de expressão escrita e com a matemática”, exemplifica.
Sartori destaca que essas atividades motoras podem fornecer às crianças oportunidade de praticar o mapeamento daquilo que veem para utilizar em ações, desde desenhar letras com marcadores, adaptar os movimentos ao giz de cera ou lápis, até desenvolver a capacidade de contar ou mesmo a habilidade de selecionar objetos em um conjunto.
A participação da escola
“O profissional enfatiza que os educadores físicos devem promover o desenvolvimento de habilidades motoras, atitudes, valores e conhecimentos, incentivando as crianças a participarem ativamente e voluntariamente em atividades físicas e esportivas ao longo de suas vidas. “A atuação do educador físico é um caminho privilegiado de educação, pelas suas possibilidades de desenvolver a dimensão motora e afetiva de crianças e adolescentes, conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais, e por tratar de um dos mais preciosos recursos humanos, que é o corpo”, afirma.
O professor explica ainda que um dos pontos mais importantes que as ciências do movimento têm buscado explicar é que a prática de atividades físicas e aprendizado de habilidades motoras impacta não apenas nas questões físicas, como os benefícios relacionados ao combate de doenças como diabetes, hipertensão e o próprio controle da obesidade, mas também no desenvolvimento das habilidades sociais e cognitivas.
